Era uma vez O Brincar

Este artigo podia ser perfeitamente uma história. Uma história sobre algo bonito. Algo que cria, gera emoções e nos torna mais felizes, mas é na verdade uma série de linhas desenhadas para fazer refletir, para voltarmos ao passado e projetarmos no tempo atual aquilo que mais nos faz bem e nos emociona só de lembrar. Falamos pois do Brincar.

Numa altura que corremos contra o tempo, que sonhamos com o “ter tempo”, nem nos apercebemos que o temos, que é um direito nosso e que não o vivemos como queremos. Dirigindo esta temática aos pais e às suas crianças, convido-vos a recordar a altura em que brincavam. Brincavam livres!

Os tempos podem ter mudado, mas a essência está lá. Somos exatamente os mesmos. Só temos de nos organizar, acreditar e tentar.

Procuramos dar aos nossos filhos o melhor, estimulando-os, abrigando-os em brinquedos e mais brinquedos sem fim. Esquecemo-nos de quem somos… e na verdade somos capazes de algo bem mais divertido e interessante. Então inspirem-se e façam magia na vossa vida e na dos vossos filhos.

Experimentem chegar a casa, tirar os sapatos e mergulhar no tapete com o vosso filho. Brinquem sem pensar nas aprendizagens. Beijem, façam cócegas, saltem, cantem, entrem na sua brincadeira preferida, imitem a vossa criança! Ela está ali consigo, e adivinhe? Não está a ser um pai perfeito, está apenas a ser um pai/mãe feliz.

Vamos brincar ao esconde? Experimente fazer de conta que não a vê! A criança está ali , bem à sua frente mas irá procurá-la em locais inesperados como, em baixo de uma almofada, em baixo do sofá, no teto, ou em cima de um armário! Suba a cadeiras, abra gavetas ou simplesmente tape os olhos e coloque-se ao nível da criança. Em simultâneo, chame o seu nome, pergunte: Onde estás? Sinta a brincadeira e verá o quão feliz está o seu filho. Oiça as gargalhadas e deixe-se levar. O resto do jogo facilmente surgirá… porque nesta altura já recuou no tempo. Está na sua infância.

No fim destes momentos intensos e de envolvimento pode ocorrer birras porque as crianças nunca querem sair do modo brincadeira. Será importante nunca terminar de repente. Antecipe, dando uma orientação de tempo. Exemplos: “Quando o pai chegar, vamos para o banho.” “Vamos fazer este jogo mais duas vezes e depois vamos jantar!” “Daqui a cinco minutos, arrumamos e vamos ajudar a mãe.”

Não se esqueça que os limites também são bons, não tema. Se lhe dedicar a sua atenção, será muito mais fácil impor regras.

E nas rotinas familiares, nomeadamente enquanto cozinha, envolva a sua criança dando-lhe pequenas tarefas. Pode varrer, fechar uma caixa, arrumar alguma loiça, fazer a salada, um bolo ou até mexer a comida. Depois, partilhem a refeição no mesmo momento, comam juntos e em família. Não é sempre fácil mas valerá a pena.

Na hora do banho e respeitando sempre a personalidade do seu filho, podem perfeitamente fazer uma corrida até à casa de banho. Podem cantar, dançar e atirar água de forma divertida! Se gostar, repita a dose e estabeleça dias específicos para este banho super incrível.

E falando novamente em brinquedos, observe a quantidade que o seu filho tem. Por vezes para além do número excessivo de brinquedos, temos também alguma desadequação na tipologia. Vá arrumando aqueles que usava quando era mais novo e coloque apenas os mais apropriados para sua idade. Controle a quantidade e permita que brinque. Muitas vezes , as crianças só arrumam e desarrumam. Crie o ambiente ideal para deslocarem o carro até à garagem, para fazerem de conta que comem, para simularem a preparação de uma refeição, para construírem um enorme prédio, mudarem um pneu ou até cuidarem de uma bebé. E o melhor, viva-o com a criança e criem memórias felizes.

Mais tarde, já adulto, o seu filho estará no seu local de trabalho ou até em família e num momento de partilha recordará feliz os momentos simples e maravilhosos que viveu com os seus pais.

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