Todos nós temos formas de receber e processar a informação do meio que nos envolve de forma diferente. Se uns preferem ouvir atentamente a aula, outros preferem tirar todas as notas possíveis. Se para uns não há nada mais relaxante do que ouvir um podcast sobre o seu tema preferido, para outros
nada melhor do que ver um filme ou documentário.
A informação que nos chega é processada sob várias vias: visual, auditiva, tátil, olfativa… A neurodiversidade que existe faz como que todos nós tenhamos diferentes vias de integração da informação, ainda que haja sempre um preferencial.
Nas pessoas com Perturbação do Espetro do Autismo, a via preferencial de integração da informação é a visual. Assim sendo, torna-se fundamental o uso de pistas visuais nos diversos contextos que a criança frequenta assim como nos diversos desafios. Uma pista visual é qualquer tipo de suporte que seja “visível”: uma fotografia, um desenho, palavras escritas. Estas imagens auxiliam a pessoa a ter maior independência, autonomia e previsibilidade do seu dia – a – dia, através de sequências de imagens de
ações a serem realizadas, de calendários com os dias da semana, como suportes para a conversação e reconto assim como para a sinalização das atividades diferenciadoras de cada dia,…
O uso de pistas visuais promove melhorias na comunicação funcional, estimula a independência e a compreensão da sequência do tempo e melhorará os comportamentos de desregulação.
A rotina é igualmente importante para as pessoas com Autismo. A implementação da rotina em adição com uso de pistas visuais promove uma maior antecipação dos acontecimentos, promove a autonomia e diminui comportamentos de desregulação. Rotinas como escovar as dentes, lavar as mãos, tomar banho entre outras como atividades mais estruturadas como tarefas escolares e consultas médicas/terapêuticas devem ser “legendadas”.
Estes suportes visuais devem estar acessíveis nos locais onde forem necessários (em cima da mesa do aluno, no balcão da cozinha, na parta do frigorifico, junto à entrada de casa,…), usar os suportes visuais para rotular (rotular para onde vai, com quê, com quem,…), para mostrar programações e ordem de eventos (basta pensar a importância das nossas agendas para sabermos quando, onde e o que vamos fazer e em como isso nos diminuiu a ansiedade e transmite tranquilidade ao longo do dia), rotinas do dia a dia e devemos usar suportes visuais ajustados à idade e competências da criança (a equipa terapêutica tem um papel fundamental na seleção do tipo de pista visual a usar com cada criança), ensinar à criança o que as pistas visuais significam.
Além disso, em casos de pessoas não – verbais, torna-se importante o uso de um sistema de comunicação aumentativa com uso de suporte visual. Um dos sistemas de comunicação muito usado nas pessoas com PEA é o Picture Exchange Communication System (PECS) que utiliza figuras universais e promove a troca de pedidos. O objetivo do PECS não é substituir a fala, mas sim estimular e aumentar o desenvolvimento da linguagem oral.
Seguindo as áreas fortes da pessoa com Autismo, as competências visuais, poderemos desconstruir algumas barreiras relacionadas com a comunicação, fornecendo ferramentas à pessoa e, desta forma, promover um melhor desempenho e integração social. Quem é que não gosta de fazer as suas própria escolhas, partilhar as suas necessidades, ideias e desejos? Qual a família que não se sente confortável em compreender as necessidades e sentimentos do seu filho?